TESTEMUNHO

Santo ? Paredão ? Maquina ? Não ! Magrão

Goleiro do Sport é o principal ídolo da torcida rubro-negra e unanimidade na Ilha do Retiro

Em alguns momentos, ele é considerado uma máquina. Em outros, um santo milagreiro, com defesas espetaculares e impossíveis para os ‘normais’. Nas horas de aperto, uma calma de quem sabe o que está fazendo. Nos momentos de alegria, comemorações discretas, mas inesquecíveis.
Esse é o goleiro Magrão, o único craque idolatrado na atualidade pelos exigentes rubro-negros e admirado por torcedores dos outros clubes pernambucanos. Um atleta completo que entrou para a história do Sport ao faturar cinco títulos estaduais e um acesso à Série A. Um jogador singular que escreveu seu nome na memória do futebol brasileiro após conquistar a Copa do Brasil e disputar a Copa Libertadores da América.
Um líder dentro e fora de campo, com um comportamento irrepreensível e um caráter exaltado por companheiros e adversários. Um pai e marido admirado dentro de casa. Um líder na igreja. Uma pessoa que consegue manter o mesmo estilo de vida em qualquer circunstância. É assim que o Superesportes vai apresentá-lo. Não apenas como Magrão, mas como Alessandro Beti Rosa.
As faces do herói
O Início
Desde pequeno Magrão sonhava em ser jogador de futebol. Porém sua primeira experiência por pouco não o afastou dos gramados. Aos 13 anos, foi levado pelo pai, o corintiano Félix Rosa, para fazer teste no Timão. Quando chegou ao clube, foi barrado, pois apenas os sócios podiam participar da ‘peneira’. ´Foi muito frustrante. Meu pai ficou desolado e no ano seguinte terminei indo fazer teste no Nacional (segunda divisão do Paulistão)`. O goleiro passou, mas não ficou. ´Era acostumado a jogar com meninos mais velhos, pois sempre fui alto. Quando cheguei ao Nacional fui treinar com o pessoal da minha idade, porém eles ainda eram muito pequenos. Decidi que não ficaria`.
Depois da recusa, Magrão permaneceu nos campos de várzea e foi disputar um campeonato amador pelo time do bairro onde morava, no interior de São Paulo. ´Perdemos os dois primeiros jogos por 10×0 e 6×0. No terceiro, enfrentamos o Jockey e empatamos em 1×1. Lembro que fechei o gol`. Após a partida, um treinador da equipe juvenil do Nacionalo convidou para jogar no clube. O goleiro aceitou, jogou nas equipes infantil, juvenil, júnior e se profissionalizou no clube paulista.
Relação com o pai
Félix Rosa sempre foi o maior incentivador do filho. Como o pai trabalhava nos bares dos principais estádios de São Paulo, desde os seis anos Magrão começou a assistir aos jogos das arquibancadas. Nos intervalos, ele corria para ajudar no bar ou até mesmo como gasoseiro. ´Quando faltava alguém, ficava com ele. Porém foram poucas vezes`. Quando o filho ainda estava em dúvida se ia jogar na linha ou no gol, Félix pediu para ele vestir a camisa 1. ´Como sempre fui magro e alto, meu pai pedia para ir para o gol. Ele também tinha medo que me machucasse`. Atualmente, os pais de Magrão permanecem morando em São Paulo, mas não se desligam do filho. ´Eles ficam sabendo de tudo`. Acompanharam até mesmo a final da Copa do Brasil contra o Corinthians. ´No dia da final meu pai esqueceu o time do coração e torceu pelo filho`.
Espelho
Como era torcedor do Timão, por influência do pai, o primeiro goleiro que Magrão se espelhou foi o corintiano Ronaldo. ´Depois comecei a ver que existiam outros melhores, como Tafarel e Dida, minhas referências`.
Seleção Brasileira
Desde o início da carreira, Magrão sonhou em jogar em um clube fora do Brasil. Assim como a maioria dos jogadores, ele pensava no futuro, nos altos salários que deveriam ser poupados para serem utilizados depois da curta vida de jogador. Porém esse sonho deixou de existir. ´Depois que fui passar férias na Europa descobri que seria muito difícil me ambientar ao clima. Tenho sérias dificuldades com o frio. Se não fui é porque Deus sabe que não aguentaria`. No que diz respeito à Seleção Brasileira, essa nunca foi sua ambição. ´Normalmente todo jogador fala que queria jogar na Seleção, mas comigo foi diferente. Sempre tive consciência que existiam atletas melhores`.
Paredão até quando?
No que depender de Magrão, ele vai jogar até 2014, quando terá 37 anos. Pelo menos até 2012 ele sabe onde vai jogar. ´Sei que contratonão segura ninguém, mas pretendo cumprir o meu no Sport até o fim e conquistar títulos. Depois vamos conversar para ver se dá para renovar. É cedo para pensar nos últimos dois anos`.
Depois dos gramados
A família Beti Rosa ainda não sentou para definir o futuro do clã após a aposentadoria do goleiro. A filha gostaria que eles abrissem uma livraria. ´Todos gostam muito de livros na minha casa então acho que seria um mercado que nos identificaríamos`. Magrão quer permanecer nos gramados como treinador de goleiros. ´Quero ficar onde vivi praticamente minha vida toda. Aprendi muito com vários treinadores e acho que posso passar isso para a garotada`. Como as duas opções são difíceis de serem conciliadas devido à vida nômade do futebol, ainda vai ter muita conversa até a família chegar a uma conclusão.
Igreja
Magrão é um dos líderes das reuniões dos Atletas de Cristo no Recife. Ele e mais alguns jogadores se reúnem toda quarta-feira para realizar um culto em uma igreja que cedeu o espaço no bairro de Piedade. Muitas vezes o goleiro é o responsável pela pregação ou organização da liturgia. Ele também é uma das principais referências do meio evangélico esportivo no estado. Não apenas pelo testemunho de vida, mas também por estar cursando Teologia e participar de alguns projetos sociais quando é convidado.
No Sport
Magrão chegou à Ilha do Retiro em 2005, com o técnico Zé Teodoro, com quem tinha trabalhado junto no Rio Branco de Americana. O goleiro chegou e não demorou muito para ocupar a vaga de Maizena. Depois revezou a titularidade com Gustavo e Cléber. Até que em 2007 assegurou de vez a posição. ´Devo muito ao Sport. Aqui encontrei condições de trabalho que não ficam atrás de nenhum clube do Brasil, Por isso temos conquistado títulos`.
Inesquecível
Nos minutos finais da decisão da Copa do Brasil, o atacante Lulinha saiu de frente com o goleiro Magrão nos minutos finais da partida. Um gol do Corinthians significaria a perda do título. ´Consegui fazer a defesa mais importante da minha carreira, pois foi ela que garantiu o meu maior título`. Aquele jogo, como não poderia deixar de ser, vai ficar para sempre na memória do goleiro. ´Foi uma partida histórica. Não tem como esquecer um título tão marcante como aquele`.
A boa fase
Com defesas muitas vezes inexplicáveis e uma segurança que impressiona, Magrão passa pela melhor fase na carreira. Além de ídolo do Sport, ele também se destaca na torcida dos adversários, que o respeitam como um dos melhores jogadores que passaram no futebol pernambucano. ´Ser ídolo me dá muita alegria, principalmente pela garotada. Ao mesmo tempo me sinto mais responsável, pois como elas se espelham em mim, preciso passar coisas positivas para elas. Curto esse momento e procuro passar coisas boas para todos`.
O melhor do Brasil?
Apesar de a torcida do Sport gritar em alto e bom tom que o goleiro rubro-negro é o melhor do Brasil, Magrão não acha que ocupe esse posto. ´Não quero me vangloriar, mas acho que estou entre os cinco melhores do Brasil. Eles seriam Vitor (Grêmio), Jéferson (Botafogo),Fábio (Cruzeiro) e Rogério Ceni (São Paulo). Estou neste meio`.
Propostas
Desde 2007, clubes brasileiros fazem propostas para tirar Magrão da Ilha. A principal delas foi a do Santos. Apesar de mexer com o atleta, nenhuma foi capaz de tirá-lo do Sport. ´Quando existe uma proposta não balanço, pois o Sport dá uma boa condição para mim e minha família. Só saio se for bom para mim e para o clube`.

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